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Os novos desafios para empresas reguladas pela CVM 193/23.

Renata Lopes | Diretora Líder de Petróleo e Gás da BKR – Lopes, Machado Auditores

Andrea Amorim | Executiva Sênior em Consultoria Estratégica, Governança Corporativa, Investigações Forenses e Sustentabilidade

A Resolução CVM nº 193/23 trouxe um marco para o mercado brasileiro ao incorporar os padrões internacionais IFRS S1 e S2, estabelecendo um novo patamar de exigência para a divulgação de informações sobre sustentabilidade. A norma já pode ser adotada voluntariamente até 31/12/2025, mas será obrigatória para companhias abertas a partir de 2026, com asseguração por auditor independente.

Os novos padrões buscam garantir mais transparência na forma como as empresas lidam com riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e ao clima. O IFRS S1 trata de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) com impacto financeiro direto no negócio. O IFRS S2, por sua vez, foca em questões climáticas, e segue as recomendações da TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures), como governança, estratégia, gestão de riscos e indicadores.

As companhias precisarão integrar essas informações aos seus processos de governança, planejamento estratégico e controles internos. Isso exige não apenas relatórios bem estruturados, mas também uma mudança cultural que conecte as áreas de sustentabilidade, riscos, finanças e auditoria.

Embora, neste primeiro momento, as empresas de capital fechado não estejam obrigadas a adotar as exigências da Resolução CVM 193/23, é fundamental compreender que essa não é uma isenção sem impactos. Com a entrada em vigor das normas IFRS S1 e S2, especialmente no que se refere ao IFRS S2 e ao reporte das emissões de Escopo 3, empresas reguladas — como instituições financeiras, companhias abertas e outras empresas sujeitas à regulação — precisarão coletar informações climáticas detalhadas ao longo de toda a sua cadeia de valor.

Na prática, isso significa que fornecedores e parceiros, inclusive empresas de capital fechado, serão cada vez mais demandados a reportar dados sobre riscos e oportunidades relacionados ao clima, emissões de gases de efeito estufa e outras métricas de sustentabilidade. Portanto, estar preparado para fornecer essas informações não é apenas uma questão de alinhamento estratégico, mas uma condição essencial para manter relacionamentos comerciais e garantir a competitividade em um mercado cada vez mais orientado por transparência e sustentabilidade.

Um ponto importante é o uso dos padrões SASB, que ajudam a identificar os temas mais relevantes para cada setor da economia. Essa clareza contribui para que os relatórios sejam úteis e comparáveis. Outro destaque é a necessidade de asseguração, que mesmo em um primeiro momento sendo limitada, exigirá governança e dados auditáveis.

O caminho até a conformidade pode parecer desafiador, mas também representa uma oportunidade real de gerar valor. Quem começar desde já terá tempo para estruturar suas práticas, testar processos e amadurecer suas divulgações antes da obrigatoriedade. ESG agora é parte da regulação – e também da estratégia das empresas.

Fonte: Revista IBEF


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