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O futuro do trabalho humano.

Innovate Creativity Ideas New Modern Technology Concept

A utilização do home office já estava sendo praticada por várias empresas, com redução de áreas em espaços físicos destinados a algumas atividades específicas e, por consequência, economizando recursos. A pandemia do novo coronavírus, que levou as autoridades governamentais a suspender as atividades econômicas, intensificou a adoção dessa prática em larga escala. Após quase oito meses da nova experiência, os gestores estão avaliando os resultados para decidir se a adotarão, ou não, permanentemente.

Alguns fatores que impediam a intensificação do trabalho remoto:

a) Restrição ou dificuldade de comunicação à distância entre chefes e subordinados. A presença física para as cobranças do cumprimento de tarefas e jornada de trabalho era um dos questionamentos.

b) A preservação da imagem da empresa poderia ser afetada pelo uso dessa prática. O que pensariam clientes, fornecedores e até o próprio funcionário atingido pela medida?

c) Reação negativa dos envolvidos por considerar aumento dos próprios gastos para a execução das tarefas em casa (espaço, mobiliário, energia, comunicação).

A adoção compulsória e genérica do trabalho remoto em função da pandemia fez boa parte das empresas perceber que o aumento dos gastos foi muito menor do que a redução dos custos gerada, ou seja, houve ganho financeiro em decorrência da sua adoção.

Alguns fatores que incentivam a intensificação do trabalho remoto são a redução ou eliminação de gastos com:

a) Investimento na preparação do espaço físico;

b) Aluguel e custos correlatos;

c) Consumo de energia;

d) Vale transporte, lanche, água, café;

e) Material de higiene e limpeza.

Pelo lado dos funcionários, podem ser citados os ganhos com a eliminação do tempo de deslocamento, melhorando sua disposição, podendo ser usado em outras atividades remuneradas ou de lazer; economia de vestuário, calçado e alimentação. Em contrapartida, eles terão de sacrificar parte do espaço da casa, além de arcar com o aumento de gastos pelo consumo de energia e de comunicação.

Não há dúvida que o trabalho remoto veio para ficar e, com isso, muitas tarefas serão eliminadas ou drasticamente reduzidas, tais como:

a) Profissionais da atividade de transporte urbano, por redução da movimentação do pessoal das áreas que adotarão o trabalho remoto;

b) Profissionais do transporte aéreo representam outro grupo que sofreu redução devido à proibição de viagens. Mesmo com a volta à normalidade, seu modo de operar mudará radicalmente, tendo em vista o sucesso das reuniões virtuais;

c) Vendedores, em função do crescimento vertiginoso das vendas online no período – que devem continuar sendo praticadas – em detrimento das vendas físicas;

d) Operadores de call centers, que devem efetivar o uso do trabalho remoto;

e) Profissionais de ensino, em função da redução das aulas presenciais e a expansão do ensino à distância.

Esta pandemia evidenciou a possibilidade gritante de redução do uso da mão de obra de modo geral, por eliminação de tarefas ou pela sua realização com menos esforço.

Além da redução que está provocando o trabalho remoto, o trabalho humano está sendo substituído aceleradamente por robôs. Cada vez mais a máquina substitui o homem. A imprensa noticiou, em artigo recente, que o IBGE substituiu profissionais recenseadores por robôs recenseadores com produtividade muito superior. Veio à mente, no mesmo instante, saber qual o destino dos profissionais substituídos. E o próprio artigo informava que eles foram deslocados para trabalhos internos. Mas até quando serão criadas tarefas para substituir aquelas a serem desempenhadas pelos robôs?

A própria indústria, já namorando a robotização da produção, deve acelerar o seu casamento, sem tirar o olho do trabalho remoto nas atividades de apoio à produção.

O resultado natural será o aumento do desemprego no mundo, de modo geral.

Diante dessa perspectiva, a saída para ocupar a mão de obra deve ser:

a) Incentivo às atividades de uso intensivo de mão de obra. Porém, sem resultado efetivo duradouro porque, com o tempo, as causas e efeitos citados acima anularão os benefícios dessa medida;

b) Redução da jornada de trabalho. Esta sim, pode ser mais efetiva e duradoura se a redução da carga horária for progressiva e ajustada no tempo;

c) Aumento de produtividade para que a renda gerada por menos pessoas produza recursos para subsidiar as demais através de programas sociais.

Vamos torcer para que surja um modus operandi entre trabalho e renda, de modo que todos consigam viver em equilíbrio, sem conflito social.


livro_renedutra(*) René Dutra, professor e autor do livro “Custos: uma abordagem prática”, 8ª ed, Editora Atlas. Consultor responsável pela implantação de controle e gerenciamento de custos e avaliação e gerenciamento de ativos.

  

  

  

  


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