Frequentemente as empresas, independentemente do porte, parcelam os tributos em aberto. São tributos federais, estaduais e municipais. Quantas empresas podem afirmar que durante toda a sua existência nunca parcelaram um tributo? Algumas empresas não desenvolvem mais atividades econômicas e os sócios continuam pagando os parcelamentos por 10 anos ou mais.
Muitos alegam que a carga tributária no país é muito alta e que é difícil empreender. No entanto, a carga tributária brasileira não é novidade para ninguém. O que causa espanto é o não pagamento dos tributos em dia. Quando as empresas formam os preços de seus produtos e serviços não consideram o valor dos tributos que serão pagos? Ou elas consideram e utilizam estes valores em outras despesas?
Alguns podem alegar que isso aumentaria o preço e perderiam a competitividade. E isso causa um efeito curioso: ninguém aumenta o preço para não perder a competitividade e um número considerável afirma que não consegue pagar os tributos em dia. Pagar tributos parcelados, ou mesmo com multas e juros, não aumenta a saída de caixa da empresa? Se os tributos afetam a empresa, imagine com multas e juros!
Portanto, é fundamental que as empresas considerem o valor dos tributos na formação de preço dos seus produtos e serviços e que os mesmos estejam em dia para evitar uma saída ainda maior de caixa para os cofres públicos. O pagamento de tributos pode ser postergado, mas não evitado através do não pagamento. Não pagar os tributos significa multas, juros e a preocupação constante em ter tributos em aberto e inclusive sofrer execução fiscal.
A gestão eficaz de uma empresa inclui arriscar-se a pagar os tributos em dia e a incluir este valor no preço dos produtos e serviços. É muito importante que se trabalhe com o custo efetivo e sobre este custo estime a margem de lucro da empresa. Não considerar os tributos ou não pagá-los por qualquer que seja o motivo, não resolve a questão tributária no Brasil. A carga tributária é alta sim, mas o que pode mudar isso é uma alteração legal. O não pagamento apenas aumentará suas despesas financeiras.
Para quem deseja formar o preço do produto ou serviço, recomenda-se o mark up ou mark-up. Este é um método de precificação com base no custo. Para isso, você precisa conhecer suas despesas fixas, despesas variáveis, margem de lucro e custo direto. Note que é preciso ter um conhecimento amplo das operações da empresa para poder formular o preço. Sem estas informações o lucro efetivo fica comprometido podendo trazer uma série de problemas de caixa para a empresa, visto que o preço não está considerando de fato as entradas e saídas.
Outros métodos de precificação podem ser utilizados para a formação de preço. O importante é ter a tranquilidade de que o preço está efetivamente produzindo lucro. Não incluir os tributos é se enganar. É não querer encarar a dura realidade de quem empreende no Brasil. Não funciona. Apenas aumenta o número de problemas a serem resolvidos. Analise os métodos de precificação, verifique qual mais se adequa ao que a empresa faz e use estas informações a seu favor. Tem muita informação preciosa disponível e que não é utilizada na gestão das empresas.
E é claro que através da análise na formação de preço, a empresa pode chegar a questionar o regime tributário em que está e até mesmo alterar o regime para obter economia tributária e manter preços competitivos. Mas planejamento tributário é outro assunto. Para isso, recomendo que consulte o contador. Ele é que mais pode ajudar em relação a isso.